O Instituto de Pesquisa para Economia Digital (IPE Digital) apresentou, em 27 de junho de 2025, dados que contestam as estimativas da Dynamic Spectrum Alliance (DSA) sobre a faixa de 6 GHz. A apresentação ocorreu durante uma reunião do Comitê de Uso do Espectro e de Órbita (CEO) da Anatel. O presidente da agência, Carlos Baigorri, convidou o IPE Digital para essa discussão. O instituto defende a viabilidade técnica e econômica do uso compartilhado da faixa por tecnologias avançadas de redes móveis, como 5.5G e 6G, além de sistemas WiFi.
Impacto Econômico Superestimado
O IPE Digital afirma que o impacto econômico atribuído à liberação exclusiva da faixa para WiFi pode ter sido superestimado em até dez vezes. Essa conclusão surge de uma análise de sensibilidade sobre os parâmetros utilizados no estudo da DSA. O novo relatório, que será publicado em breve, será apresentado em audiência na Câmara dos Deputados em 9 de julho.
Análise de Sensibilidade
Na análise, o IPE Digital aplicou valores alternativos a diversas variáveis-chave. Uma das conclusões mais relevantes refere-se ao vetor “Aumento na Velocidade Média pela Redução do Congestionamento WiFi”. Os resultados indicam que o impacto econômico projetado pode ser uma fração dos valores defendidos pela DSA, que sugere o uso exclusivo da faixa para WiFi.
Proteção a Sistemas Satelitais
Outro ponto importante diz respeito à convivência do uso compartilhado com os sistemas de Serviço Fixo por Satélite (FSS). A Conferência Mundial de Radiocomunicações de 2023 (WRC-23) aprovou a Resolução nº 220, que estabelece diretrizes para a proteção dos satélites ativos na faixa de 6 GHz. O IPE Digital argumenta que as simulações técnicas demonstram que as regras internacionais garantem a proteção desses sistemas.
Situação dos Satélites no Brasil
No Brasil, dois satélites operam na faixa de 6.725 a 7.025 MHz. As três estações terrenas existentes no país receberão proteção por meio de separação geográfica e definição de áreas de coordenação, conforme os parâmetros propostos.
Decisões da Anatel sobre a Faixa de 6 GHz
A Anatel já liberou parte da faixa (5.925 a 6.425 MHz) para uso não licenciado (WiFi 6E). No entanto, ainda existe indefinição quanto ao restante, especialmente entre 6.425 e 7.125 MHz. A agência precisa decidir quando realizará um leilão para que operadoras móveis possam usar essa faixa na telefonia.
Abordagem Híbrida e Licitação
A posição do IPE Digital reforça a favor de uma abordagem híbrida, como a adotada pela Anatel. Essa abordagem busca preservar a coexistência entre tecnologias, promovendo uma política de espectro mais eficiente. A Anatel já se prepara para lançar uma licitação da faixa superior dos 6 GHz. A proposta técnica inclui três lotes de 200 MHz e um de 100 MHz. Atualmente, essa proposta está no Conselho Diretor da autarquia, que decidirá quando colocá-la em consulta pública.